Vomitando arquitetura, comendo arte, projetando sonhos, narrando vida
No desenho, a princípio, somos tudo: arquitetos, artistas, sonhadores, narradores, o que queremos ser. Podemos tudo também pois o papel é um campo projecional da mente. No entanto, geralmente enfrentamos o papel já conduzidos por um designo, por uma preparo anterior, contextualizados em uma prática, em um exercer específico.
Na gráfica de Pier Stockholm o que mais chama atenção é um enfrentamento que dribla a função particularizada e o intuito referenciado em uma linguagem. O nosso olhar perambula pelo papel atraído pela interpolação das imagens. Pulula. Se inquieta com a liberdade das conjunções /conjunturas elaboradas com apurada técnica. Engasga também na busca dos referenciais da representação: somos surpreendidos uma vez que o que sobressai é a dúvida, seja pela condução de uma narrativa/crítica referenciada na utopia da arquitetura modernista, no fervor religioso cristão, ou em uma iconografia pautada pelo imaginário adolescente que não só glamoriza as crenças bem como fetichiza a liberdade alcançada nos esportes radicais. Neste último caso a referência advêm certamente dos gibis, dos desenhos animados e também da gráfica voltada a estamparia de camisetas, as T-Shirts.
A gráfica stockholmiana é fruto de uma sobreposição de imaginários, acionados não necessariamente pelo designio primordial em produzir sentido, mas certamente motivada pelo desejo de acalentar a ansiedade contemporânea, ao promover algo que se concretize imediatamente: uma ação gráfica instantânea, desenho como Polaroid..., polaroide gráfica que registra a surrealidade do ser contemporâneo no espaço-tempo.
Martin Grossmann
Agosto, 2010